sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Oásis




Imaginem um ser perdido em um deserto...calor sufocante...pés cansados e machucados arrastando-se na areia escaldante. Para onde se olha, uma imensidão igual.....tudo seco, tudo árido...tudo estéril. Não por acaso o Senhor foi ao deserto para ser tentado....um cenário desses é desolador. Assim estava a minha vida. Antes transbordante de amor e desejo pela vida, no fim já procurava apenas um local menos doloroso para deixar-me morrer. Sonhos perdidos, desfeitos, enterrados (leiam "Sobre Jardins e Borboletas"). Não queria mais nada....apenas deixar-me ir...silenciosamente apagar o que já jazia... Capricho da vida, eis que anos antes o Pai me diz "Não desista. Eu estou com você e nenhuma de suas orações se perde" (vejam a foto do por-do-sol com o Beija-Flor, em "Uma carta de amor"). 

E não desisti de viver....tentei....errei...desalento, profunda tristeza.....mas tinha uma promessa....e lá no fundo me lembrava dela. Até que Deus, aproveitando-se de um lampejo de Luz e Alegria surgido em meu ser, fez com que o delicado Beija-Flor pousasse em minhas mãos...Tão suave o toque que olhos secos e cansados fizeram-se úmidos e pés já inertes voltaram a tremer. Estava amando. Aos poucos suave chuva começou a cair no deserto...brisa fresca inundou os pulmões ressecados, e a vista alcançou o bálsamo da esperança ao enxergar o oásis que se apresentava. Protegendo a pequena ave da chuva que já caia abundante, chegamos ao oásis. Lá descobrimos que nos amávamos desde sempre (pois desde a mais tenra idade idealizamos o amor, e passamos boa parte da vida a tentar encaixar pessoas nesse molde-sapato de cinderela-quando na verdade toda a busca se resume na simplicidade de dar e receber amor puro, elementar, primário, sem máscaras ou cargos, sem aparências. Aceitação recíproca. Preto, branco, alto, baixo, gordo, magro, rico, pobre.....embalagem que de nada vale sem o essencial. De fato, o Essencial é invisível aos olhos...).
Hoje vivemos neste oásis. Não nos esquecemos que ao nosso redor existe uma imensidão desértica, cheia de corações ressequidos, aves de rapina que aguardam o desfalecer dos moribundos para devora-los. Não nos esquecemos das tempestades de areia que sempre assolam o pequeno paraíso, mas sabemos que na paz desse oásis renovamos nossas forças, bebemos da fonte de água viva, e passamos a compreender o que Paulo diz sobre o viver de um casal, e a ter uma leve noção do que é o amor que Jesus nos ensinou...Amar ao próximo como a si mesmo...desejar a ele os mesmos quinhões de alegria e bem viver que desejamos para nós. Mas não a nossa alegria, mas a alegria do outro, com o modo de ser e viver do outro. E é preciso muito amor para saber manter a ave sem gaiolas...sabendo que toda magia está na liberdade de SER. Seguramente é uma bênção tal viver a dois. É um sonho acalentado e vivido a cada dia. Votos que se renovam diariamente. Qual a duração desse estado? Eterno, pois o único tempo que dispomos é o hoje, e nele reside nosso viver.

By Adriano Diniz

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