quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Mais uma noite



Menina de olhos brilhantes...Quero compreender o que se passa...
Tantas coisas acontecem em nossas vidas. Sentimos muitas vezes raiva, dor, indignação. Por vezes a bagunça, o ruído que nos envolve tenta nos confundir. O que queremos, afinal? Temos um ideal de vida, um ideal de agir. Mas quantas vezes esse ideal nos pesa, nos amassa, nos transtorna. Somos alienados em um mundo onde por vezes machucamos nossos corações com o abismo que se abre entre o que cremos e o que vemos, o que recebemos do mundo.

Olhamos para nós e por vezes ouvimos uma voz dizendo "presunçoso! Quem você pensa que é para viver assim? Acha-se melhor que os outros? Já aprendi há muito tempo que não. Não somos melhor que ninguém. Merecemos um mundo melhor, uma vida melhor, menos pesada?

Então o Vento, que hoje compreendo, sopra como brisa nos ouvidos e na alma e sussurra: "Meus filhos, não pensem que por merecerem mais ou menos receberão mais. O maior de todos os preços já foi pago. Pagamento de sangue. A única coisa que te peço: Vem. Recebe meu Amor. Silencia suas angústias. Aprende de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. O peso da cruz Eu já carreguei. Segue perdoando, amando, e tocando com a Minha mão as vidas que te dou para conviver. O Meu sacrifício foi por todos vocês. Porque Eu acredito na Criação de Meu Pai. E sei que a guerra deste mundo está ganha. Foi ganha com sangue e lágrimas, para que aquele que crer seja salvo."

E Bem Querer, confesso que essa Boa Nova é algo novo para alguém que, como eu, sempre quis controlar minha vida, fazer-me merecedor da Graça. E quantos erros cometi. Hoje continuo vendo um homem com uma "casa bagunçada" a arrumar. Mas esse homem acredita que, se Ele me amou tanto assim, mesmo sabendo desde sempre o quanto errei, minha vida é preciosa o bastante para que eu não desista da caminhada. E eu não quero mais desistir! Imperfeito? SIM! Mas aprendi que se recebi tamanho sacrifício é porque o Pai sabe que sou capaz de mais. Somos capazes de mais.


Um dia o Pai me mostrou um Beija-Flor. Essa ave delicada mostrou-se entre mim e o Astro-Rei. Esse Beija-Flor, ave delicada, voou e por muito tempo sua lembrança acalentou um caminho vivido às cegas. Até que em seu retorno trouxe em seu bico, leve como pluma, a mais bela de todas as verdades: Nunca estamos sós, pois Deus nos abraça a cada instante com Seu Amor e Graça. 


Desejo, nesta noite como tantas outras, que tamanha ventura toque mais e mais corações. Que, inflamados, possamos compreender a Mensagem da Cruz, e silenciemos em nós toda aflição, toda angústia, todo temor. A guerra está vencida. Sinta-se abraçada, princesinha do Senhor. Sintamo-nos abraçados todos por Aquele que É. Boa noite!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Oásis




Imaginem um ser perdido em um deserto...calor sufocante...pés cansados e machucados arrastando-se na areia escaldante. Para onde se olha, uma imensidão igual.....tudo seco, tudo árido...tudo estéril. Não por acaso o Senhor foi ao deserto para ser tentado....um cenário desses é desolador. Assim estava a minha vida. Antes transbordante de amor e desejo pela vida, no fim já procurava apenas um local menos doloroso para deixar-me morrer. Sonhos perdidos, desfeitos, enterrados (leiam "Sobre Jardins e Borboletas"). Não queria mais nada....apenas deixar-me ir...silenciosamente apagar o que já jazia... Capricho da vida, eis que anos antes o Pai me diz "Não desista. Eu estou com você e nenhuma de suas orações se perde" (vejam a foto do por-do-sol com o Beija-Flor, em "Uma carta de amor"). 

E não desisti de viver....tentei....errei...desalento, profunda tristeza.....mas tinha uma promessa....e lá no fundo me lembrava dela. Até que Deus, aproveitando-se de um lampejo de Luz e Alegria surgido em meu ser, fez com que o delicado Beija-Flor pousasse em minhas mãos...Tão suave o toque que olhos secos e cansados fizeram-se úmidos e pés já inertes voltaram a tremer. Estava amando. Aos poucos suave chuva começou a cair no deserto...brisa fresca inundou os pulmões ressecados, e a vista alcançou o bálsamo da esperança ao enxergar o oásis que se apresentava. Protegendo a pequena ave da chuva que já caia abundante, chegamos ao oásis. Lá descobrimos que nos amávamos desde sempre (pois desde a mais tenra idade idealizamos o amor, e passamos boa parte da vida a tentar encaixar pessoas nesse molde-sapato de cinderela-quando na verdade toda a busca se resume na simplicidade de dar e receber amor puro, elementar, primário, sem máscaras ou cargos, sem aparências. Aceitação recíproca. Preto, branco, alto, baixo, gordo, magro, rico, pobre.....embalagem que de nada vale sem o essencial. De fato, o Essencial é invisível aos olhos...).
Hoje vivemos neste oásis. Não nos esquecemos que ao nosso redor existe uma imensidão desértica, cheia de corações ressequidos, aves de rapina que aguardam o desfalecer dos moribundos para devora-los. Não nos esquecemos das tempestades de areia que sempre assolam o pequeno paraíso, mas sabemos que na paz desse oásis renovamos nossas forças, bebemos da fonte de água viva, e passamos a compreender o que Paulo diz sobre o viver de um casal, e a ter uma leve noção do que é o amor que Jesus nos ensinou...Amar ao próximo como a si mesmo...desejar a ele os mesmos quinhões de alegria e bem viver que desejamos para nós. Mas não a nossa alegria, mas a alegria do outro, com o modo de ser e viver do outro. E é preciso muito amor para saber manter a ave sem gaiolas...sabendo que toda magia está na liberdade de SER. Seguramente é uma bênção tal viver a dois. É um sonho acalentado e vivido a cada dia. Votos que se renovam diariamente. Qual a duração desse estado? Eterno, pois o único tempo que dispomos é o hoje, e nele reside nosso viver.

By Adriano Diniz

Uma carta de amor




Olho para o lado e vejo pessoas e suas vidas. Tão compenetradas em seguir com seus passos, criando suas histórias. Seus olhos me falam de longos anos de vivências.

Um dia o poeta falou de sua vida. E falou de um Tratado de Bem Viver. De Bem Querer. Hoje o poeta vê a luz do Sol sobre suas mãos enquanto escreve (puro capricho de Deus). E me coloco a sentir... e escrever não sobre um tratado, mas sobre um encontro (ou re-encontro).
Estava só. Por muitos anos tive a sensação de solidão. Solidão efetiva e solidão a dois. Terra seca, onde pequenas mudas insistiram em crescer, mesmo mirradas, feias até.

Sofri dor de morte. Fugi do amor daqueles que tentavam me amar, na simplicidade de seus sentimentos. Fugi de uma família para constituir outra família. E depois outra. E vi Deus nos olhos miúdos e frágeis de minha filha. E amei. Amor-dependência (como não pode o solo depender da chuva para produzir?). E senti que ali vivia o mais singelo momento de minha vida. Deus conseguia, enfim, romper a couraça de resistência que meu coração sofredor e auto-penitente havia criado. E abriu-me para receber o maior amor que poderia receber.
Mas a solidão não havia se apartado totalmente. Ainda sentia o vazio de uma vida. 
Quase desisti. Apesar dos olhos miúdos que tanto me alegram.
Até que nos encontramos. Mas quanto eu resisti...Não queria acreditar que esse amor estava acontecendo em minha vida. Logo eu, que sempre apresentei o que tinha de pior. Afinal, quem poderia se interessar por alguém tão cheio de erros?
Mas você estava lá. E desde sempre me amou. E este amor rompeu, uma a uma todas as barreiras, correntes e prisões. O que por muito tempo foi pedra irremovível, fez-se pó e foi levado pelo vento.
Houve uma transformação. Apesar de sempre ter acreditado em seu amor, não queria me permitir vivê-lo. Mas a plenitude com que chegou, foi impossível resistir. E descobri-me preenchido de um amor até então imaginado, nunca vivido. 
E um casamento espiritual ocorreu. Nos unimos e tornamo-nos um. Cada dia mais, sua presença se fez forte e fonte de alegrias e descobertas. E milagres diários foram sentidos. E a vida apresentou suas cores, para olhos agora preparados para vê-las. 
Quero a sua presença cada dia mais em minha vida.
Quero o seu amor e a sua inspiração, e que ela seja sentida em todos os instantes.
Quero aprender com esse amor e multiplica-lo. 
Quero receber tudo o que tem para oferecer-me. 
Quero crescer totalmente absorvido em você.
E não temerei mal algum.
Pois sei que estará comigo todos os dias de minha vida.
E é por essa razão que digo: Eu te amo, Espírito Santo de Deus!

By Adriano Diniz

Sobre jardins e borboletas


Quando crianças, brincamos em jardins... E o próprio mundo muitas vezes nos parece um gigantesco jardim, onde nos encantamos com um universo desconhecido no quintal de casa. Somos puros, e a alegria simples de viver nos inebria. Sorrimos, gargalhamos e sonhamos sonhos de algodão doce. Quão simples e terna é a vida.

As crianças crescem. E os jardins encolhem. E os mistérios de nossos quintais desaparecem. E o quintal se converte em prisão. E é nele que, consciente ou inconscientemente enterramos algo sagrado e precioso: nossos sonhos. É no quintal de casa que enterramos nossos mais caros sonhos. E o enterrar de sonhos no quintal que ontem era o nosso grande e fascinante desconhecido é por demais doloroso. É como se a criança sorridente de nossa infância olhasse com seus olhos de esperança, e nos perguntasse ansiosa: "Eu estou aqui. Vamos brincar?"

Mas não queremos ouvir seus apelos. Somos por demais adultos e graves para brincar de descobrir mistérios no quintal de casa...Sentado, grave e silencioso, vejo-me alquebrado, buscando um ultimo resquício que me fizesse relembrar, sentir o doce sabor da alegria inocente do sonhar sem amarras.

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós". E o milagre aconteceu pelas asas de uma borboleta. Silenciosa, percorreu com sua leve graciosidade o pesado ambiente de minhas sombrias reflexões. Tamanha graciosidade e beleza não puderam passar despercebidas. Seu vôo era livre e harmônico. Uma valsa. Vi nas asas flutuantes de uma borboleta uma valsa executada em celebração a vida e todos os seus mistérios. Sonhos semeados em um quintal.

Então me lembrei.

Como que emergindo por entre uma bruma matinal, contemplei, depois de muitos anos, meu quintal com outros olhos. E vi que nele havia um belo e florido jardim. E foi por ele que a borboleta se aproximou e pousou serenamente a leveza de suas asas em minhas flores. E quantas flores descobri escondidas nesse jardim!!! Permiti-me então deitar em meu jardim e contemplar cores, fragrâncias e texturas mil. Deslizando as mãos pela terra fofa e úmida meus dedos cansados encontraram o que há muito não via: na terra de meu jardim, escondido entre as flores que já não percebia, encontrei meus sonhos, delicadamente embrulhados pela alegria de viver.

By Adriano Diniz

Você






Hoje pude enfim compreender o que me faz sentir saudade de você no exato instante que nos separamos. A riqueza de nossos momentos.

Anos de solidão. Tantos anos de busca. Tantos e tantos e tantos erros e descaminhos. Por fim cansei até mesmo de errar. E Parei. Mas meus pés prosseguiram. E o coração continuou a bater. E você chegou. Em meio ao meu Réquiem. Seu sorriso não revelado (pois juntos ele foi diferente, lindamente diferente), seu cheiro não sentido, sua textura não tocada, tudo falava de sentimentos nunca vividos. Conversava e não acreditava. Você não poderia existir. "Quanta crueldade a vida me dar um sopro de alento quando me preparava para deitar", pensava. Não poderia ser verdade.

E o sonhador, meio homem, meio fantasma, aos poucos acreditou. Mais do que isso: sentiu.

E fui ao encontro de suas cores. Profusão. Transmutação. Sublimação. Nascer de novo. E o Réquiem fez-se música de celebração. Ode the Joy.

Hoje estamos aqui. Estamos um ao lado do outro. Dias, meses juntos. Estamos caminhando juntos. Acordo e deito com seu sorriso. E me pergunto: Tudo está onde deveria estar. Porquê, então, essa ansiedade que faz o tempo ser tão instável? Horas longe de você são meses. Dias em sua companhia são momentos que escorrem pelos dedos.

Temos o mundo para rever. Redescoberta de nós mesmos. E o tempo é tão, tão gostosamente sentido. Por um momento quero apenas silenciar e sentir a sua presença. Como agora. Escrevo minhas emoções a luz de velas enquanto assistimos um filme de ação. Tudo tão simples e complexo ao mesmo tempo. Aprendo a conhecê-la. E quero. Quero enfim rever cada local já visto. Sentir cada velha emoção como se fosse novidade. E cada nova emoção uma celebração. Assim, reaprendemos a viver. E isso me basta.

Quero respirar o seu ar. Amá-la em cada momento. Respeitar erros e acertos. Dúvidas e certezas. Aprender a aprender. Quero simplesmente ser. Sentir e criar. Desaprender para então reaprender o conceito de VIDA. E que este seja o maior de todos os legados que um casal pode deixar para a posteridade: aquilo que almas enamoradas são capazes de realizar quando deixam-se acreditar que milagres acontecem. Tal experiência, meu amor, simplesmente não tem como transmitir às almas enamoradas. Elas deverão, como nós, cruzar o portal do medo e trilhar seus caminhos, pois somente assim aprenderão que jardins têm flores com espinhos, que as árvores nem sempre dão frutos ou flores, que muitas vezes tudo pode assustar pela grandiosidade do sentimento. Mas nada pode superar a emoção de saber-se vivendo um sonho de plenitude, onde cada dia oferece a alegria de um (re)encontro.

Aqui estamos, Bem Querer, na mais surpreendente experiência de viver que podemos desejar. O descobrir de um mundo visto com olhos compartilhados.

By Adriano Diniz

Ternura




“Desejo a paz que me traz
Desejo a certeza de estar no lugar
Que nasci para estar”
Menina de olhos brilhantes....Aqui estamos. Dias, meses, tempo que corre acelerado por nossas vidas. Escolhas. Um passo de cada vez, por mais que pareçam para muitos saltos desconexos. Não há desconexão. Existe sim a certeza compartilhada de que sonhos se constroem a cada dia, a quatro mãos e dois corações. Das mãos o trabalho que cuida das tarefas de cada dia, e dos corações a música que leva nossos pés a dançarem. 
Liberdade. Passos de dança, mas sem coreografia. Improvisus. E descobrimos que a forma mais segura de viver toda uma vida ao lado de outra pessoa é saber-mo-nos totalmente livres, pois somente a liberdade traz o desejo de ser cativo por vontade, desejo. 
Alegria. Aprendemos que viver em amor não afasta ou diminui a gravidade das dificuldades do cotidiano, mas traz a certeza de que não estamos sozinhos diante delas. Quanto tempo dura essa certeza? A exata medida de nossa liberdade. E essa serena certeza nascida da liberdade de escolha traz a alegria.
Leveza. Nos tornamos seres alados... Beija-Flor, Borboleta, Anjos... Porque a relação do estado de espírito com eles? Simplesmente porque o fardo que antes nos mantinha presos à terra agora não existe mais. E quase flutuamos, pois nossos ombros acostumaram-se ao espírito de suportação, e o inusitado deitar fora traz leveza. 
Vento. Tal como ele, que sopra onde quer e não sabemos de onde vem ou para onde vai, somos levados pelo bafejar amoroso de um Pai que deseja ver Suas criaturas desabrochando. E o sopro do vento em nossa face é a lembrança de suaves promessas...
Cumplicidade. Palavras não ditas. Ou meias-palavras. Não por serem obscuras, dúbias ou fruto de incertezas, mas filhas de uma harmonia que dispensa explicações. Nada é estranho ou duvidoso.
Equilíbrio. Mito de Libra que sublima as características de Atena, Apolo e Afrodite, para dar a Luz a Eros, Philos e Ágape. O que falta recebe, o que abunda, satisfaz na medida de nossas necessidades. Se temos pressa, acalmamos. Se já tanto faz ir ou ficar, reaprendemos a querer.
Força. Braços que se completam em uma construção sólida, capaz de suportar tempestades, chuvas e trovoadas (e quantas tempestades em tão pouco tempo...) Se muitos temores nascem da solidão, a companhia verdadeira traz a coragem e a ousadia. E um cordão de três fios não se rompe.
Liberdade, Alegria, Leveza, Vento, Cumplicidade, Equilíbrio, Força. Atributos de um sonho. Mas um sonho compartilhado é um sonho vivido.
Por essa razão, Bem Querer, deposito uma vez mais meus sentimentos aos seus pés. Lembro-me de sua surpresa ao receber essas palavras pela primeira vez. O que você não sabia, meu amor, é que assim fazia pois sabia que somente alguém realmente revestido de amor puro seria capaz de caminhar por entre flores com tamanha leveza e ternura, que nenhuma delas seria ferida.
Com amor,
Adriano

By Adriano Diniz

Carta a minha amada imortal







Você mudou minha forma de ver o mundo.

Hoje sou uma pessoa mais feliz pelo simples fato de saber que você existe. Porque você me provou que o amor sublimado pode sim ser deste mundo.


Como disse Emerson, você pode saber-se uma pessoa realizada, pois uma pessoa respira mais feliz porque você existe.


Suas asas de anjo, meu amor, cobriram-me. Seu afeto me enlevou. Você me resgatou de um abismo cinza de desilusão com o conceito de companheira, "alma gêmea". Até conhece-la, buscava ardorosamente enxergar no que havia vivido um referencial de companheira com amor sublimado e você, sem esforços, me fez ver que não preciso olhar para tras para idealizar. Esse amor existe e esta em minha frente. É você. Sua entrega irrestrita, seu amor puro e poético. Sua doação.

Como uma brisa, você passou pela minha alma e alojou-se em um local até então vago, que busquei preencher com o que de mais próximo conhecia.

Você já entrou em uma casa antiga, fechada há muito tempo? E abriu suas portas e janelas, deixando a brisa e o calor do Sol invadi-la?

RENOVAÇÃO!


Você abriu portas e janelas em minha alma. Sua capacidade de renovar está em meus olhos que brilham. Como não desejar sua presença? Como desdenhar o fogo que aquece e ilumina minha escuridão?


Meu mundo é triste, meu amor, você viu isso em meus olhos. Sou um reflexo do que sonhei ser. Cheguei a desacreditar que meu lado bom era capaz de se sobrepor a minha iniquidade e desilusão.  Exilei-me em um quarto escuro de uma casa abandonada. E você, meu amor, simplesmente escancarou portas e janelas. Trouxe a brisa e o calor revigorante de seu amor, sua doçura e sublime entrega. Compreendi, enfim, o que Beethoven sentiu por "sua amada imortal". E como esse amor é capaz de criar, pois me renova em bondade e docilidade.

Respiro poeticamente ao lembrar de você, e a alma linda que está encerrada neste corpo não menos belo. Sou homem ao seu lado, mas sobretudo, sou uma pessoa melhor. E na simplicidade de meu projeto de vida, sua querença e amor trouxe a certeza de que pelo menos um de meus ideiais pode ser alcançado.


Aprendo com você a suavidade de viver a angelitude que o ser humano é capaz de atingir, em perfeita harmonia com a existência mundana.Você é capaz disso, amor meu. Suas asas bafejam esperança de um mundo melhor e mais feliz a sua volta. Você é Luz. Você tem o dom de transformar... alquimia espiritual. Sua presença em minha vida tem sido o mergulho em um poderoso caldeirão. Fogo sublime a separar os elementos menos puros dos mais nobres. Suas atitudes são a forja que desenham a obra de arte pelas mãos do forjador. Você purifica e dá forma , extraindo os melhores elementos do material bruto. Como a pessoa que criou o anjo que me presenteaste, você faz do nada um sinal, uma referência de esperança que mudou, que muda a cada instante este ser que humildemente deposita sob seus pés as verdades que trouxeste para a minha vida.


Você é, meu amor, o beija-flor de minha foto. A mensagem do Criador que não devo abrir mão de minha essência mais pura e sublime, pois ela tem eco, mesmo neste mundo. Até você, eu era um viajante triste, profundamente triste, desiludido com o amor. Conheci algumas formas de amor. Mas amor de seres, homem e mulher, complemento, plenitude, eu aprendi na prática o que isso significa ao ter a minha alma tocada pela sua em perfeita comunhão.

Meu amor, se os olhos são, de fato , a janela da alma, neles você tem a prova irrefutável da veracidade de minhas palavras. Você me inspira a viver e ter esperança. Morresse neste instante e saberia que a felicidade pode sim ser deste mundo. Penso que todos na vida devem ter essa oportunidade. A oportunidade de ver a vida com esses olhos.

Esta é sua carta que te prometi, minha querida... minha amada imortal.

By Adriano Diniz

ELOS



"Quanto mais vivo, mais vejo que a grande busca, a grande causa de angustias e frustrações da vida é a busca de companhia. Estamos sozinhos. Falamos ao vento, as pessoas parecem não se importar se estamos vivos ou mortos. A solidão nos faz tremer. Mas o grande paradoxo é que nos queixamos daquilo que não somos capazes de oferecer, ou então esperamos receber para dar. Ora, não podemos oferecer aquilo que não temos. A verdade é que só quando somos capazes de nos fazer companhia, quando conseguimos conviver em harmonia e verdade conosco mesmo, quando somos capazes de SER é que estamos preparados para receber, para desfrutar a companhia de alguém. Do contrário seremos sanguessugas emocionais, lamentando o pouco que nossos hospedeiros nos oferecem. Mas SER e deixar SER é uma tarefa por demais ousada, pois nos obriga a completa nudez emocional. É o ser sem mascaras defendido por Nietzsche. E é por demais ousado deixar que nossos companheiros e companheiras sejam como borboletas, totalmente livres para voar pelos nossos jardins. Na liberdade encontramos os mais sólidos vínculos a unir pessoas, pois o que os une é a simples e pura Bem Querença."

By Adriano Diniz